DE VOLTA AO LAR

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“Enquanto poucos homens são chamados a se tornar sacerdotes, todas as mulheres, sem exceção, são chamadas a ser mãe. Ser mãe, ter o sentido maternal, significa voltar-se especialmente para os mais necessitados, debruçar-se amável e caridosamente sobre cada coisa pequena e fraca sobre a face da terra.” (Alice Von Hildebrand – O privilégio de ser mulher).

Sou de uma geração em que fomos doutrinadas a usarmos anticoncepcionais, termos quantos parceiros quisermos, se porventura uma gravidez surgir, temos pílula do dia seguinte e por fim mulher de valor é aquela que assume cargos alto padrão com um corpo de modelo pois vive na academia. Doutrinas muito bem orquestradas pela onda do feminismo.
Acontece que chega um momento em que o sininho da maternidade bate forte no coração das mulheres e é aí que a crise começa e comigo não foi diferente. Enquanto mulher, fui criada a não depender de homens, a ter meu próprio dinheiro, a trabalhar fora e se porventura uma criança surgisse eu que tivesse dinheiro para colocá-la numa boa creche, afinal, filhos custam caro.
A crise da maternidade que já vinha surgindo no meu coração, se intensificou com a gravidez de meu primeiro filho. Ao longo da gestação eu escutava coisas do tipo: “Nossa minha criança começou a andar, mas não tive oportunidade de ver porque eu trabalho fora, mas faz parte né?” ou “Hoje fui buscar minha criança na escola e nem tive oportunidade de vê-la direito pois chegou dormindo e hoje cedo já deixei na creche, mas é normal, né?”. Foi quando pensei, normal? Como assim normal? Normal você perder o desenvolvimento de um ser tão importante por causa do trabalho?
Durante a minha licença à maternidade as minhas crises de maternidade tomaram uma proporção enorme porque eu não queria voltar a trabalhar, mas ao mesmo tempo tinha em minha mente a doutrinação feminista: “Não, você não foi feita para ficar em casa cuidando de filhos e marido” ou “O quê? Você vai jogar tudo que conquistou para ficar em casa?” ou “E seu status? E se não tiver dinheiro para comprar roupas, para ir ao salão?”
Depois de muita oração e discernimento junto à Deus, compreendi que Deus me queria em casa. O retorno ao lar não foi uma tarefa fácil, porque foi quando surgiram os medos das falsas seguranças: dinheiro, saúde, roupa. No entanto foi aí que de fato a minha purificação do feminismo aconteceu. Primeiro em compreender que meu marido e eu somos um complemento, uma equipe em que ambos dependem um do outro mesmo eu não estando mais no meio corporativo. O segundo desafio foi compreender que eu tenho o meu valor de mulher mesmo estando em casa. E o maior desafio de todos a ser vencido foi o de servir: cozinhar, lavar louça e roupa, colocar e tirar roupa do varal e em meio a tudo isso aprender a ser mãe e esposa.
Hoje olho para minha vida e posso me dizer uma mulher realizada, uma mãe realizada. Hoje percebo que não existe nada mais prazeroso do que cozinhar para o meu esposo e filho. Não existe nada mais prazeroso do que dobrar a roupa com amor e colocá-la no armário. Não existe trabalho no mundo que pague a oportunidade que tive de ver meu filho comer, andar, falar pela primeira vez.
Atualmente, às vésperas do Dia das Mães, vem crescendo a cultura de retirar o dia das mães para o dia das famílias. Para essa cultura, encerro o texto com a seguinte reflexão:
“A maternidade é um chamado sublime e, embora o coração ingrato do homem muitas vezes se esqueça dos sofrimentos porque sua mãe teve de passar para trazê-lo ao mundo e da contínua dedicação empregada em sua educação, é sabido que, quando um homem se encontra com a morte no campo de batalha, suas últimas palavras e seus últimos pensamentos são frequentemente dirigidos a sua mãe.” (Gereon Goldman – On The Shadows of his Wings).


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