A USAID muito antes da polêmica gerada por Trump
Essa semana uma notícia tomou conta do cenário internacional: o corte brutal do financiamento e das ações da Agência Americana de Ajuda Internacional (USAID) pelo Governo Trump. Há quem diga que tal ação, promoverá o corte no auxílio humanitário promovido pelo Governo americano que vinha se dando durante décadas e afetará inúmeros beneficiários num corte nunca antes visto desde a sua fundação na década de 1960, porém, muito além da polêmica criada, é preciso compreender que desde o seu nascimento, essa agência vem sendo utilizada – em boa parte, não na totalidade – como um instrumento que visa promover o imperialismo da agenda woke sob a máscara da ajuda aos necessitados.
Em 1967, alguns anos após a fundação da USAID, o Senado americano aprovou uma emenda que permitia entre as ações da Agência, a promoção da política de “planejamento familiar” nos países pobres onde a mesma atuava. Para dirigir esse novo departamento, contratou-se um médico epidemiologista experiente chamado Reimert Ravenholt. Numa entrevista concedida, o mesmo conta em detalhes os trabalhos promovidos neste campo pela USAID durante a sua gestão e também sobre a mudança no estado de coisas no final da década de 1970, que culminaram na sua saída da agência.
Entre os trabalhos desenvolvidos durante o período destaca-se: esterilização voluntária e involuntária em diversos países; distribuição e produção de novos métodos contraceptivos e, sobretudo, a prática de ab0rtos em países de terceiro mundo, onde o mesmo é ilegal. De acordo com o próprio Ravenholt, com os trabalhos desenvolvidos pelo departamento populacional da agência durante a sua gestão, o mundo deixou de gerar pelo menos 1 bilhão de novos nascimentos.
A USAID durante este período também foi responsável em parceria com a Suécia, pela criação e desenvolvimento de uma droga abortiva pioneira, antecessora do atual misoprostol que de acordo com o otimismo característico de Ravenholt: “deflagaria o fim do flagelo do crescimento populacional”.
O declínio das ações de Ravenholt na agência coincidiu com o avanço da agenda woke no mundo, a partir das novas estratégias focadas mais na demanda do que na oferta, o que exigiria mais profissionais da área de sociologia que medicina. Era necessário fazer as mulheres procurarem os métodos ab0rtivos e contraceptivos ao invés de apenas colocá-los à sua disposição. Essa nova fase traria um embate frontal na década de 1970 com as revisões das ações de controle populacional que há anos estava saturada de pessoas como Ravenholt que de tão radicais no pensamento, acreditavam até mesmo que aviões carregados de camisinha lançando os meios de contracepção em áreas pobres, resolveriam o problema da questão.
O fato é que a questão dos direitos sexuais e reprodutivos passaram a dominar os trabalhos da agência que passou em focar a agenda da educação sexual nas escolas, promoção de ONGs feministas e LGBT, e o ab0rt0, como método de controle populacional, visando mudanças legais.
Na década de 1980, durante a gestão Reagan, entrou em ascenção a política da Cidade do México, proibindo os trabalhos da USAID que visassem o aborto, através do corte de financiamento a qualquer atividade da agência e suas afiliadas nesse sentido. Política essa que caiu durante o Governo Clinton, retornando com Bush, caindo com Obama e retornando com Trump para cair novamente durante a gestão Biden. Com esta ação, os antigos companheiros de Ravenholt na USAID fundaram o IPAS, uma organização mundial cujo foco as atividades é voltada para formação e treinamento de médicos na prática do ab0rt0 e desenvolvimento de equipamentos para tal. O IPAS foi responsável pelas criação das chamadas “canaletas de plástico”, que permitem ab0rtos em lugares precários, sem a necessidade de energia elétrica.
É fato que o corte das ações da USAID neste momento representa um fator sem procedentes, o fim de uma era de uso dos recursos da nação mais rica do mundo em prol da agenda contrária à família e à vida, em que pesem os trabalhos humanitários igualmente importantes no mundo. É uma clara sinalização do Governo americano em prol de ações focadas mais na política interna americana e na sua valorização e menos em ações externas e globalistas, conforme prometido em campanha.