“A gravidez muda a sua vida, mas não acaba com ela”

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“Descobri que estava grávida aos dois meses, no ano de 2013, estava no segundo ano da faculdade e num relacionamento sério há 4 anos. Quando eu era criança, sempre quis ter filhos, chegou na adolescência e na vida adulta, como muito adolescentes pensam hoje, ‘ah engravidou aborta’. Como se fosse uma espinha que você tira. Aí quando engravidei eu vi que seria bem diferente. Primeiro: Eu já estava de 2 meses; segundo, que não é uma escolha só minha; terceiro, que não é tão simples assim. Me desesperei por muitos motivos, acabei ficando solteira, quando estava de 3 meses descobri que a gravidez era de risco, com tudo que aconteceu eu acabei tendo uma ameaça de aborto . E o que me afetou muito é o preconceito contra mãe solteira, as pessoas falavam muito.

Parece que eu tinha um sentimento na época que engravidei, não sei se pelo ambiente universitário, como se eu tivesse atirado na minha cabeça teria sido melhor, porque engravidar e acabar com a própria vida para muitas pessoas é a mesma coisa. Tinha apoio da minha família, e da família do pai do bebê também. Aí, eu culpava o bebê de tudo que estava acontecendo, ficar solteira, engravidar, ter que trancar a faculdade. Claro, ele não é culpado de nada, a faculdade eu trancava e continuava depois, mas eu não via isso na época. Na época eu só via que eu deveria abortar. O meu filho nasceu, eu continuei solteira, não teve volta com o pai dele. Agora que eu casei de novo. Cuidei dele esses 4 anos sozinha. ‘Nossa não é tão ruim assim’.

Hoje em dia o fato de você querer ter filho, ou engravidar sem querer, é um absurdo, as pessoas tratam como se devesse ser a última coisa que pode passar na sua cabeça. ‘Nossa você ta louca, quer colocar o filho no mundo’. Não é fácil, óbvio que não é fácil, mas não é o fim do mundo, não é um bicho de sete cabeças, desde que tive meu filho trabalho de telemarketing, salário de telemarketing, e a pensão. Eu não vejo como se fosse um monstro.

Eu acho que ele tinha que vir ao mundo, acho que Deus queria que ele viesse ao mundo, ele teve dilatação no rim, teve problema na válvula do coração no parto. Um parto  difícil, mas está saudável. Eu tive ele na madrugada, não podia levantar e no outro dia de manhã fui visitar ele, a UTI era meio escura, e tal. Eu lembro que vi uma luz nele, quando eu olhava.  Acho que se eu pedisse para Deus um príncipe encantado, na verdade ele me deu um príncipe, meu filho. Lembro que na faculdade eu tive uma colega, que conseguiu 12 comprimidos no Paraguai, caso não desse certo, ela me disse que conseguiria um médico, só que eu teria que ter o dinheiro, coisa que eu não tinha.  Eu já estava de 3 meses, possivelmente eu não ia conseguir abortar (mesmo com os remédios), ia nascer com algum problema, ou no mínimo eu ia me matar (porque o risco era muito grande). Acabou que eu joguei fora os comprimidos. Se eu não tivesse encontrado a Casa, teria feito qualquer outra besteira.

A única coisa que me arrependo, sim, muito é ter rejeitado ele na gravidez, porém eu não me culpo, porque eu acho que era uma situação que você não consegue passar bem e não tem como não passar nada para ele, porque o ser está dentro de você. Eu cheguei aqui na Casa com 4 meses de gestação. Foi maravilhoso, tenho plena certeza de que não abortei, porque conheci a Casa Pró-Vida.

O aborto não é a solução, eu vi na pele isso. Primeiro, que não é como tirar uma espinha, não é. Eu passei, e tinha plena consciência de que tinha um ser aqui, não é tão simples assim, se eu tomar 12 comprimidos, possivelmente eu vou sangrar e ir para o hospital. O parto foi complicado, resumindo: corpo é muito imprevisível.

Eu não imagino alguém passando por essa situação, de você dormir e ficar imaginando um bebê que não está aqui. Acho que deve ser horrível, então o aborto não é a solução. Dar pra adoção, por exemplo (pode ser uma alternativa). O que eu vejo é muita gente falando da legalização do aborto, mas ninguém falando sobre a adoção, eu não vejo ninguém lutando para as leis serem mudadas, ou para o processo ser facilitado. Ou para dar uma vida melhor para as crianças que são maiores (e estão num lar), estranho que não vejo.

Filho não é fim do mundo, é a melhor coisa que pode acontecer. Eu tomo cuidado para te falar, porque eu não estou romantizando a gravidez, ou romantizando ser mãe, porque eu sei que não é fácil, mas não é o fim do mundo. Isso eu aprendi na pele. E ele (meu filho) é tudo, eu fico imaginando se eu fizesse isso, o que teria acontecido comigo depois, acho que não estaria nem aqui. Depressão, aborto, ter morrido no procedimento. Então, ter filho não é o fim do mundo, são as pessoas que acham que meu filho é uma pedra no meu caminho, ele até pode ser, mas é um diamante enorme. O problema foram as pessoas falando demais.

O que uma grávida pensa, pelo que eu li, pelo que eu passei, é que você vê tudo mundo saindo, curtindo, não que um filho impeça, mas você sabe que sua vida não vai ser a mesma. A gravidez era de risco, eu via as pessoas “vivendo” e eu ali, só que claro que hoje, eu tenho outro pensamento. Quando ele nasceu, eu já estava bem e saia com ele. A gravidez muda a sua vida, mas não acaba com ela.  Não importa se você é solteira ou casada, as pessoas vão falar que você tá errada por ter um filho. Estamos num mundo que independente do motivo vão falar. Eu não me arrependo de ter deixado ele nascer.”

Testemunho concedido à Casa Pró-Vida Mãe Imaculada

Entrevista: Marcia Elizandra Faustino


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