A taxa de natalidade na Coreia do Sul é a mais baixa do mundo: qual a origem do problema?
O movimento 4B, surgido na Coreia do Sul em 2018, caracteriza-se pela rejeição radical dos chamados “quatro nãos”, bisekseu, biyeonae, bihon, bichulsan: sexo, namoro, casamento e gravidez. Essa resposta extrema a problemas como violência contra a mulher, apresenta sérias implicações éticas e sociais, especialmente quando analisada à luz da doutrina católica.
A Humanae Vitae (1968), encíclica do Papa Paulo VI, reafirma o valor sagrado da vida humana e da sexualidade dentro do matrimônio, destacando que “o matrimônio e o ato conjugal, por sua natureza, estão ordenados para a procriação da vida” (HV, 11). Negar deliberadamente a abertura à vida e a comunhão conjugal, como propõe o 4B ao excluir o casamento e a gravidez, é rejeitar o plano divino para a vocação do homem e da mulher.
Além disso, o Compêndio da Doutrina Social da Igreja destaca que “a família é a célula fundamental da sociedade” e que “o matrimônio é a união estável e legítima entre homem e mulher, fundada no amor e aberta à vida” (CDSI, 233-234). O afastamento radical dos vínculos conjugais e familiares proposto pelo movimento não apenas fragiliza a instituição familiar, mas também ameaça a coesão social e o bem comum.
Embora o movimento 4B tenha surgido como reação a uma sociedade marcada por miséria moral, romper com a vocação natural ao matrimônio e à maternidade acaba por aprofundar essa mesma miséria, pois rejeita a dignidade integral da pessoa humana e seus vínculos essenciais, gerando isolamento, vazio existencial e enfraquecendo os alicerces da família, que é o núcleo vital para a justiça, o amor e a verdade do ser humano criado por Deus.
A rejeição total da sexualidade e da maternidade proposta pelo 4B não só contraria a natureza humana, mas também alimenta um individualismo e um isolamento que, longe de curar feridas, as agrava. O crescimento desse movimento também coincide com a crise demográfica da Coreia do Sul, país que hoje registra a menor taxa de fecundidade do mundo, 0,72 filhos por mulher, muito abaixo da taxa mínima de reposição populacional, que é de 2,1 filhos por mulher. Essa queda demográfica representa um grave desafio para o futuro econômico e social da Coreia do Sul, com impacto direto no mercado de trabalho, nos sistemas de previdência e na sustentação das políticas públicas. A diminuição da população ativa compromete o desenvolvimento sustentável e amplia as desigualdades.
Em suma, a resposta católica aos desafios da mulher na sociedade contemporânea passa pela valorização do matrimônio e da família como espaços de verdadeira realização pessoal e social, e pelo combate à qualquer injustiça e à violência ao ser humano, sempre respeitando a dignidade de todos e a ordem moral estabelecida por Deus.