Puerpério uma fase de intensa mudança na vida da mulher
Quantas de nós mulheres passamos vários dias de nossas vidas, principalmente durante os 9 meses da gestação, imaginando como seria chegada de nosso filho – se teríamos uma parto normal ou uma cesariana, em que hospital ele nasceria, quem seriam as pessoas que estariam ao nosso lado nesse momento, como seria o quartinho dele, como seria amamentar, entre outras coisas. Porém, muitas vezes focamos nosso olhar sobre o nas- cimento e deixamos de pensar num período que se inicia logo após – o puerpério – e que, assim como o nascer, é cheio de mudanças e desafios e merece uma preparação prévia para que seja uma fase vivida com mais segurança e tranquilidade.
Mas, afinal, o que é o puerpério? São os primeiros 40 dias a partir do nascimento do bebê, aquele período que nossas avós costumavam chamar de “dieta”. Esse período é o tempo de recuperação do organismo feminino após a gestação e o parto, além de ser o momento inicial de adaptação da mãe aos cuidados com o bebezinho.
É próprio de essa fase haver um sangramento, que inicialmente é vermelho e em maior quantidade e com os passar dos dias vai se tornando mais claro/rosado e em menor quantidade, até desaparecer completamente – lembrando que ele pode durar até 30/35 dias em algumas mulheres. Muitas mulheres também irão apresentar cólicas, principalmente nos primeiros dias após o nascimento, de modo mais intenso durante a amamentação – isso é um ótimo sinal, significa que o útero está contraindo, diminuindo o risco de ter um sangra- mento mais intenso no pós-parto.
É também no puerpério, geralmente entre o 3º e 5º dia que acontecerá a “descida do leite” portanto, a puérpera não precisa se preocupar se no nascimento não estiver com as ma- mas cheias, pois isso se dará alguns dias após o parto, o importante é amamentar em livre demanda desde o nascimento, pois o estímulo da amamentação facilitará a apojadura (desci- da do leite), lembrando-se sempre de buscar a “pega correta” (jeito certo do recém-nascido abocanhar a mama), o que evita as temidas e doloridas fissuras. O início da amamentação pode ser bastante desconfortável/ dolorido para muitas mulheres, sendo, às vezes, necessário buscar ajuda especializada para avaliar se é um sinal de que a pega não está correta ou apenas uma adaptação inicial da mama.
Juntamente nesta fase, haverá uma reorganização hormonal intensa após a saída da placenta no pós-parto imediato. Esta reorganização hormonal associada a noites de sono mal dormidas e mudanças na alimentação pode levar a puérpera a apresentar um quadro de tristeza/melancolia em alguns momentos do dia, com choro fácil e sensação de medo/in- capacidade diante desta nova realidade de ser mãe, intercalados por momentos de alegria em ter o filho em seus braços – isso é o chamado baby blues, uma condição que pode acometer muitas mulheres, porém que costuma durar poucos dias/semanas. Apesar dessa tristeza/ melancolia, a mãe consegue (e deseja) realizar os cuidados com o bebê e mantêm os cuidados consigo (alimentação e higiene, por exemplo).
Nestes 40 dias pós-parto, temos uma mulher que está (re) aprendendo a cuidar de um recém-nascido (além de ter que dar atenção para os filhos mais velhos, em alguns casos) enquanto vivencia a recuperação do seu par- to, com todas as mudanças físicas, hormonais e emocionais, próprias deste período. Sendo assim, tudo que ela precisa é de muita ajuda e apoio do esposo, familiares e amigos, seja nos cuidados com o bebê, no preparo das refeições, no cuidado com a casa e com os outros filhos, etc.
É sempre bom lembrar: procure ajuda mais especializada caso perceba que algum dos sintomas do puerpério está muito intenso – seja um sangramento exagerado, uma dificuldade com a amamentação ou uma tristeza muito in- tensa.
Dra. Bruna Driessen Pidluznyj
Consagrada da Comunidade Católica Vale de Saron Médica Ginecologista e Obstetra