A Coerção ao Aborto

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Quando a permissão legal se concretiza em coerção.

Uma das consequências da legalização do aborto que é largamente ignorada (quando não, negada) pelos militantes abortistas é o aborto por coerção.

Em países onde o aborto está legalizado, o suposto “direito” se concretiza para muitas mulheres como coerção. Para elas, dar a luz ao bebê não é uma opção: a falta de suporte do entorno social, de dentro da família, do parceiro e de políticas públicas, somadas a pressão da cultura individualista e a propaganda pró-aborto, encurralam a mulher para o aborto.

Uma realidade bastante comum entre aquelas que abortaram é a experiência de vulnerabilidade e coerção. Casos em que à gestante, apesar de querer dar a luz ao filho, se vê sem outra saída, sem real suporte (das leis, do parceiro, da sociedade) para levar o bebê a termo.

A coerção pode vir do parceiro, que ameaça abandoná-la ou que diretamente – num contexto de abuso e violência – a força a abortar; pode vir dos pais, que vendo a filha adolescente grávida a obrigam a abortar; pode vir de um profissional da saúde, que decide que o aborto deve ser feito – independentemente da vontade e dos sentimentos da mulher que espera o bebê.

A pressão psicológica, a falta de suporte social, a falta de leis que ampare a gestação e a maternidade, a falta de recursos materiais e, sobretudo, a pressão para abortar vinda de pessoas e profissionais que deveriam auxiliá-la e protegê-la, fazem com que a gestante, mesmo querendo o filho, se veja sem saída.

O bioeticista pró-aborto Daniel Callahan reconhece que:

“Se o aborto legalizado deu a mulher mais escolhas, deu aos homens mais escolhas também. Eles agora têm uma nova e potente arma no antigo negócio de manipular e abandonar as mulheres… O fato de que há homens que há muito tempo têm coagido as mulheres ao aborto quando isso lhes parece conveniente é bem conhecido, mas raramente mencionado. Os dados do Instituto Alan Gutmacher indicam que 30% das mulheres têm um aborto porque outra pessoa, que não a própria mulher, quer isso.”¹

Apesar de 30% ser por si só um número considerável, essa é uma estimativa bastante minimizada quando comparada à outros estudos que apontam que esse número é, na realidade, bem mais alto, e que os abortos por coerção representam na verdade cerca de 65% dos abortos.

Histórias como as que seguem abaixo são infelizmente comuns e chegam todos os dias as associações que se dedicam a atender as reais necessidades da mulher e de seu bebê.

***

Era cedo demais para engravidar, eu tinha apenas 14 anos, mas aconteceu. Me chamo Maria e vivo em um bairro de Madri (Espanha). No início me assustei, mas meu namorado me apoiava, dizia que se tinha acontecido, nós tínhamos que encarrar juntos. Ele tem 16 anos e é mais maduro que eu. Tive que contar à minha mãe, que ficou muito desgostosa com a situação. Disse que pediríamos ajuda ao Serviço Social Municipal, que algo tinha que ser feito, porque uma menina na minha idade precisa de toda a ajuda do mundo numa situação como essa.

No despacho da Assistente Social escutei coisas muito estranhas, parecia que eu não estava presente, se falava da minha gravidez como de fosse de outra pessoa. Ela dizia que eu não podia ser mãe na minha idade, que era impossível, que não havia nenhum tipo de ajuda e que eu tinha que abortar, não havia outra solução. E desde seu despacho pediu uma consulta num hospital para o dia seguinte.

Me levaram quase a força, eu não podia acreditar que me encontrava em um hospital público onde iriam fazer comigo algo que eu não queria. Então saí correndo dali, fugi e voltei para casa.

A assistente social telefonou para minha mãe e disse que apesar de eu ter perdido a consulta, me conseguiria outra rapidamente, e que eu teria que abortar sim ou sim! Minha mãe não sabia o que fazer, a coitada me via chorar porque eu não queria abortar mas pensava que a assistente social sabia mais que ela, e por isso tínhamos que fazer o que ela mandava.

Graças à uma amiga que soube do que estava acontecendo, umas voluntárias da Fundação RedMadre vieram até meu bairro me ver. Conversaram comigo, com minha mãe e com meu namorado, nos deram toda a ajuda que precisávamos para eu não abortar. Foi então que nos demos conta de que existem sim ajudas para mães em apuros, mães tão jovens como eu; é claro que não são ajudas públicas mas em associações, e são reais. Também nos contaram que se a gestante não quer, ninguém a pode obrigar a abortar, nem os Serviços Sociais, nem a família, nem o parceiro, nem o trabalho. É uma pena que muitas adolescentes como eu sejam obrigadas a abortar contra a vontade, que a maioria sejam enganadas.

Já tenho minha filha comigo e minha mãe está muito feliz em ser uma vovó tão jovem. Algum dia meu namorado e eu nos casaremos, quando estivermos preparados; no momento, já somos pais e somos muito felizes!

María, de Madri (Espanha)

Fonte: Fundación RedMadre

***

Eu era estudante quando me apaixonei pelo homem com quem me casei. Estávamos apaixonados e Deus nos abençoou com uma criança. Nós tínhamos planos de que eu terminaria os estudos e nos casaríamos, mas havia pessoas em nossas vidas que disseram que eles decidiram por nós.

Eu fui forçada a abortar.

Eu estou aqui para dizer a todos vocês que lutam pela ‘direito’ de abortar: o aborto não foi a minha escolha! Nós não queríamos matar o nosso filho! Eu queria o meu filho!!

Eu dei à ele o nome de Mateus.

Naquele dia em que fui a clínica de aborto, eu não era forte e corajosa como sou hoje.

Deitada naquela mesa, eu pedi para parar, mas uma vez que eles começam o procedimento eles não podem parar. Então o homem me explicou “Não posso parar. Sinto muito” e naquele momento eu me coloquei em posição fetal e comecei a chorar pelo meu filho, por aquilo que estava fazendo contra ele.

Pam, de Ohio (EUA)

Fonte: Silence No More

***

Aos 27 anos eu era uma mãe solteira que tinha acabado de terminar a faculdade. Conheci um homem gentil e acreditei que ele era diferente dos outros homens. No entanto, meses depois quando contei que estava grávida, eu não podia imaginar a resposta que ele me deu. Ele disse que se eu não abortasse o bebê, ele me abandonaria. Eu fiquei em choque e com medo. Semanas depois ele marcou o aborto, me levou até a clínica e pagou. Eu entrei e falei com a conselheira da clínica e contei que eu sabia que havia uma vida dentro do meu ventre e que o aborto ia contra as minhas crenças, mas que o meu namorado me estava coagindo. A conselheira não me desencorajou, nem me indicou qualquer agencia que pudesse me ajudar. Por fim, escolhi acabar com a vida do meu bebê. Desde então eu me tornei promíscua, viciada em álcool e em drogas de prescrição. Eu lutei contra a depressão e me sentia perdida e sem esperança.

Connie, de Michigan (EUA)

Fonte: livro “Recall Abortion”² de Janet Morana, p. 170

***

Tive um aborto porque meus pais me fizeram acreditar que não havia absolutamente nenhuma outra opção para mim já que eu tinha só 15 anos. Eu implorei até não aguentar mais para que eles me deixassem ir para um lar de gestantes, dar a luz e entregar o bebê para adoção. NÃO… NÃO… eles não me deixariam ter o bebê! Eu vivia debaixo do teto deles então tinha que fazer o que eles mandassem.

Eles marcaram o aborto e fomos. Quando chegamos lá, acho (eu suprimi as memórias, então elas são confusas) que falei com o médico antes. Ele me perguntou se era a minha escolha e eu respondi “NÃO, DE JEITO NENHUM”. Ele disse que não iria adiante se não fosse minha escolha; e disse que não era um assassino, porque se fosse, ele estaria na cadeia. Ele também disse que “isso” era apenas “uma bola de tecido de qualquer maneira”, como diziam meus pais! Ele fez o ultrassom e disse que eu havia passado das 12 semanas, então disse aos meus pais que me levassem para casa e me deu 48 horas para pensar.

Meu Deus… meu padrasto lá fora começou a gritar porque eu não tinha feito o aborto.

Então nós voltamos para casa e toda família veio falar comigo, cada um veio até o meu quarto e disse que eu devia abortar. Todos com exceção da minha querida avó. Ela foi a única pessoa que ficou do meu lado o tempo todo. Eu estava tão cansada ao fim das 48 horas, tão exausta… que cedi. Acreditava que não havia outra saída.

O aborto foi um procedimento de 2 dias. Eu tive que ir um dia para que inserissem as algas [laminária] no meu cérvix para eu começar a dilatar. Naquela noite, passei pela pior absoluta dor de parto que me faziam vomitar. Eu dizia a minha mãe que queria tirar as laminárias! Ela acabou ligando para o médico que disse que se eu voltasse seria apenas para ele recolocá-las uma vez que eu já estava em processo de dilatação. Eu chorava, me contorcia de dor e vomitei a noite toda.

Na manhã seguinte quando voltamos à clínica eles me deram Valium. Lembro de sentar em uma sala cheia de garotas que conversavam porque estavam abortando, porque era um momento ruim para estarem grávidas. Ali estava eu, a mais jovem de todas, esperando a minha vez para o aborto, com lágrimas caindo no meu rosto. As lágrimas nunca pararam. Durante todo o procedimento e depois eu continuei chorando. Eu estava muito abatida.

Logo após, passei a ter pesadelos recorrentes de um bebê chorando e que eu procurava freneticamente em todas as partes mas não conseguia encontrar “ela!”. Eu tenho odiado a palavra aborto e se qualquer pessoa perto de mim disser essa palavra, me dá nojo. Hoje tenho ressentimento contra minha mãe e meu padrasto por terem me colocado nessa situação. Eu quero perguntar à eles… vocês realmente achavam que o meu feto de 12 ou 13 semanas era uma bola de tecido ou vocês estavam mentindo? Eu quero perguntar como eles acham que tomar aquela decisão por mim me afetaria nos próximos 20 anos? O que deu à eles o direito de colocarem o meu corpo e a minha mente por aquela tortura? Eu pensei que havia perdoado eles anos atrás, mas é claro que não consegui.

Steph, de Virginia (EUA)

Fonte: livro “Recall Abortion” de Janet Morana, p. 163-164

Nota:

¹ Coerced Abortion

² Recall Abortion, de Janet Morana. Editora: Saint Benedict Press (2013)

Fontes relacionadas:

How Commom is Coercion

Women Pressured to Abort.

Parents of unborn babies with disabilities often experience great pressure to abort

Pro-abortion group: “Talk about how men benefit from abortion”

The Coerced Abortion Epidemic

Por: Tathiane Locatelli
Twitter: @tathilocatelli


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