A ALMA DO SER HUMANO

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Em que momento Deus nos concede uma alma? Esse é um assunto que vem sendo debatido há séculos. Os filósofos, desde Sócrates, Platão, Aristóteles, até os atuais, sempre se preocuparam em buscar a verdade sobre o tema “alma”. Segundo São Tomás de Aquino (sec. XIII), há dois princípios inerentes à alma: o vital – que dá a vida, e o intelectual – que gera o pensamento. Ele afirma ainda que a união da alma com o corpo é tão estreita, que sem o corpo a alma não possui a perfeição de sua natureza; e sem a alma, o corpo não tem vida – a separação somente ocorre com a morte.

No entanto, o baixo nível de conhecimento de embriologia na sua época levou o santo Aquinate a adotar a teoria da animação (infusão da alma no corpo) retardada ou mediata, ou seja, ocorreria algum tempo após a concepção (40 dias para homens e 60 dias para mulheres). Já aqueles que consideram que a animação ocorre no exato momento da concepção, adotam a teoria da animação imediata.

Caspar Fredriech Wolf (sec. XVIII) estudou o desenvolvimento do embrião da galinha no microscópio eletrônico e comprovou que os seus órgãos não são pré-formados, mas sim que se formam pouco a pouco ao longo do tempo. Ou seja, somente alguns séculos após São Tomás de Aquino é que começaram a surgir pesquisas científicas mais conclusivas quanto ao aspecto físico do embrião e o processo de desenvolvimento desde o início.

E com a evolução das técnicas e dispositivos de pesquisa, foram sendo obtidos mais conhecimentos a respeito desta evolução, que impressiona pela rapidez e ritmo constante. Assim, podemos afirmar que, se São Tomás de Aquino tivesse os muitos recursos atuais disponíveis para compreender em sua plenitude a questão embriológica, teria revisto o seu conceito sobre o momento em que o embrião recebe a sua alma.

Hoje em dia, muitos filósofos – inclusive católicos – se baseiam nesse pressuposto de São Tomás e consideram que no início do processo, após a união dos gametas, o embrião ainda não apresenta condições de receber uma alma. Mas essas opiniões divergem muito sobre o momento exato da animação. Desta forma, são induzidos ao erro de considerar que até algum momento da gestação não haveria problema em se provocar o aborto.

No entanto, em recente e extenso estudo realizado pelo pe. Luiz Carlos Lodi, em sua preparação para o doutorado em Bioética, obtido em Roma (vide seu livro A Alma do Embrião Humano), ele conclui que:
a) sendo a alma não material, mas espiritual, não há como haver compreensão por nenhum dado experimental, mas somente pela mediação da filosofia;
b) a alma independe de um corpo formado (parcial ou totalmente) para ser infundida;
c) é justamente a alma que é o princípio vital do corpo, portanto, responsável pela vida e o desenvolvimento do embrião / feto;
d) no momento da concepção ocorre uma mudança significativa, quando as formas substanciais dos gametas se corrompem e é gerado um novo indivíduo com uma nova forma substancial.

Obviamente o estudo realizado pelo pe. Lodi é muito mais amplo do que esta breve exposição, no entanto, a conclusão a que chega o padre é que a animação da alma ocorre no exato momento da concepção.
Por fim, a Igreja Católica através de seu Magistério ainda não decidiu por um dos conceitos de animação – imediata ou mediata. Mas, através da sua recente instrução Dignitas personae sobre algumas questões de bioética (2008), afirma que “a todo ser humano, desde a concepção até a morte natural, deve ser reconhecida a dignidade de pessoa”. Assim, como tem reafirmado o papa Francisco, qualquer medida abortiva ou contraceptiva é inaceitável.


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