FRANÇA: DO AUGE À DECADÊNCIA DA FILHA PREDILETA DA IGREJA

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O parlamento francês aprovou no último dia 4/03/2024, a garantia constitucional do “direito” ao 4b0rt0, tornando-se assim, o primeiro país do mundo a incluir a prática na Constituição. O procedimento já era legalizado no país desde 1974, mas ainda não havia a “proteção” constitucional, como cláusula pétrea, nesse sentido, a esperança de no futuro haver alguma reversão ao ab0rt0 naquele país, torna-se praticamente impossível, um caminho sem volta. Em tese, somente com uma renovação moral da população e do parlamento seria possível mudar essa decisão, o que aconteceria logicamente apenas num futuro distante, e por um milagre.

A França passa por uma das piores fases em termos morais desde a sua longa história. Digo um dos piores, porque fica atrás apenas do período do Grande Terror de Robespierre durante a Revolução Francesa. Aquela que um dia ficou conhecida como a “filha predileta da Igreja”, já não responde mais a essa alcunha. A mesma que outrora salvou a civilização ocidental, agora se tornou algoz desta mesma, que está sendo aos poucos sucumbindo pelo crescimento da população árabe nos seus limites, consequências das recentes políticas migratórias e de controle de natalidade em relação aos nativos franceses. Este artigo pretende buscar compreender um pouco acerca dos fatores que culminaram na iminente destruição dessa importante nação.

A história da França é marcada por amores e ódios à Igreja. Após 300 anos de perseguição do Império Romano, da então chamada “Gália”, território governado por Constâncio Cloro, surgiriam duas importantes figuras da história cristã: Santa Helena, esposa de Constâncio, e Constantino, aquele que viria depois governar o Império Romano e dar liberdade de culto aos cristãos.

No início da Idade Média, à medida que o Império Romano se enfraquecia, hordas bárbaras tomavam conta dos seus territórios, desde as fronteiras mais distantes até atingir o coração do mesmo. Os bárbaros em seus primórdios, tinham uma religião pagã, mas foram “evangelizados” por missionários pertencentes à heresia dos arianos – destacadamente Ulfila – que praticamente sufocaram a fé católica. A salvação veio da França, graças à estratégia de São Remígio que arranjou o casamento de Santa Clotilde, uma católica fervorosa de família nobre, com o bárbaro pagão Clóvis. A conversão deste, graças a sua santa esposa e as vitórias conquistadas depois, consolidaram a fé católica e a salvação do ocidente. Da descendência de Clóvis, surge Carlos Magno, o grande chefe do Sacro Império Romano, o qual criou as bases da primeira civilização cristã organizada, chamada depois de cristandade. Carlos Magno descendia de Carlos Martel, o líder franco que salvou o Ocidente da invasão mulçumana que vinha desde a África e penetrou a península Ibérica de forma invicta, encontrando nos francos um inimigo forte. Desde a famosa batalha de Poitiers, a invasão moura no Ocidente foi se enfraquecendo e os exércitos maometanos, recuando cada vez mais.

A Igreja também enfrentou períodos críticos, como o chamado “Século de Ferro” nos anos 900 de nossa era, época na qual se sucediam papas com eleições duvidosas, bem como padres e bispos, mais se interessavam na exploração dos benefícios da Igreja do que em pastorear o rebanho. Coube à França mais uma vez resgatar a fé católica, através da rede de mosteiros da ordem beneditina renovada, chamada de Cluny. Essa foi responsável pela retomada da piedade clerical.

Quando os turcos seldjulcidas invadiram a Terra Santa e começavam a violentar os cristãos que ali viviam, além de profanar os lugares sagrados, surge novamente da França a liderança para libertação dos lugares sagrados com a primeira Cruzada, composta em sua grande maioria de condes e príncipes franceses, e, diga-se de passagem, foi a única cruzada que foi bem-sucedida na série de 6 que vieram depois. Após a difícil vitória dos cristãos, couberam aos franceses a administração daquele que ficou conhecido na história como Reino Franco de Jerusalém, administrado pelo piedoso Godofredo de Bulhões, que se recusou a ser coroado rei no mesmo lugar onde cristo foi declarado rei com uma coroa de espinhos. É desta época que surge um dos maiores santos da Igreja, São Bernardo de Claraval, também ele francês, além do grande São Luís IX, o valente e piedoso Rei cristão.

Infelizmente, nos anos 1300 a França começa a quebrar totalmente os laços com a Igreja, logo que Felipe IV, chamado de o Belo, resolve espoliar a Igreja para obter recursos a serem usados numa fracassada guerra contra os ingleses. Além de agredir e criar falsas narrativas contra o Papa Bonifácio VIII para legitimar suas ações, foi ainda responsável pela injusta condenação da Ordem Templária, o que levou inúmeros cristãos inocentes à fogueira. Tal ambiente foi facilitado, graças ao conceito que surgia nas universidades da época, especialmente em Bolonha, de que o Estado deveria ter primazia em relação à Igreja. Nessa época, o país também serviu de sede para a Igreja durante o cativeiro de Avignon, mas depois também foi responsável pelo Cisma de 70 anos promovido em grande parte pelos cardeais franceses.

Em meio a esta turbulência, surge a figura da donzela de Orleans, Santa Joana D’Arc durante a Guerra dos Cem Anos, que se consagra como uma liderança jamais vista em todo o país e que malgrado o triste e injusto fim a que foi submetida pelas circunstâncias políticas e eclesiais de sua época, tornou-se a inspiração do povo francês e padroeira principal do país. A rebeldia da filha predileta da Igreja atinge o ápice no século XVIII, quando os ideais iluministas que eram em sua essência, notadamente anticatólicos, começam a tomar conta da sociedade, o que culminou na Revolução Francesa, gerando o rompimento total da influência moral e espiritual da Igreja sobre a sociedade francesa.

Apesar de todos estes tristes fatos, o país continuou a gerar santos, destacadamente Santa Maria Margarida Alacoque, que teve visões diretas de Jesus, difundindo depois a devoção ao Sagrado Coração de Jesus; São Luiz Maria Grignon de Monfort que foi o difusor da verdadeira devoção à Nossa Senhora; o Santo Cura D’Ars e mais tarde a grande Santa Teresinha do Menino Jesus. Há que se lembrar ainda das aparições de Nossa Senhora, que comprovam a preferência do céu por esta pátria em Paris, La Salette e Lourdes.

Mais recentemente, é possível perceber que a mentalidade anticatólica ainda é bastante forte na França. O país passa por uma grave crise, atingindo o fundo do poço como o primeiro país a garantir o aborto em sua constituição, além da promoção do gayzismo, controle de natalidade e perseguição ao cristianismo. A queda de natalidade, aliada ao crescimento da imigração dos povos islâmicos – os quais não praticam a contracepção – está levando o país à conflitos jamais vistos, como os frequentes ataques terroristas em cidades importantes.

A filha predileta da Igreja resolveu emancipar-se há muito tempo desta, a bússola moral se perdeu, o que restará a essa filha rebelde senão a decadência e um triste fim. Como cristãos, não devemos jamais perder a esperança, então, rezemos para que o arrependimento seja a força para que a França resgate os seus valores e retorne ao seu primeiro amor.

Juliano Antonio Rodrigues Padilha – Coordenador do Núcleo de Estudo e Formação da Casa Pró Vida Mãe Imaculada


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