Cavalo de Tróia dos direitos: lésbicas e abortistas como “representantes” das mulheres

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“O movimento feminista está fortemente comprometido com os direitos lésbicos, e a teoria feminista é utilizada para defender o lesbianismo.” Dale O’Leary

Os liberais costumam ser pródigos em afirmar que foram os responsáveis pela libertação das mulheres, ao permitir seu ingresso no mercado de trabalho. Assim, arrancaram as mulheres do “jugo opressor” do lar e resgataram-nas finalmente da vida privada que lhes conferia uma condição de última categoria, por não “produzirem” para o mercado. Os comunistas, por sua vez, se colocam como os verdadeiros libertadores, ao exigirem uma pseudo-igualdade de tratamento entre homens e mulheres no que diz respeito à vida social, a qual foi deixada de lado pelos liberais que sempre tiveram por fim a exploração de mão de obra com vistas ao lucro.

Na América Latina, emerge o pensamento de que as feministas, preponderantemente adeptas do marxismo, são as verdadeiras e únicas representantes das mulheres por meio de suas ONGs e líderes frente à sociedade chamada de patriarcal e machista. Sociedade essa que, segundo as teóricas feministas, pretende sobrepor os homens às mulheres, tratando-as com preconceito em virtude da sua condição e relegando-as à inferioridade. Para se libertar desta condição de vassalagem, caberia às mulheres se unirem e desvincularem suas atitudes de quaisquer características que a sociedade as tenha dado e que imponham um conceito fixo de feminilidade. É o que afirma, por exemplo, a famosa escritora marxista e existencialista Simone de Beauvouir:

“E exortam-nos: “Sejam mulheres, permaneçam mulheres, tornem-se mulheres”. Todo ser humano do sexo feminino não é, portanto, necessariamente mulher; cumpre-lhe participar dessa realidade misteriosa e ameaçada que é a feminilidade.” [1]

A partir de então, segundo a concepção marxista pautada no materialismo dialético, a batalha das mulheres contra os homens alcançaria seu êxito numa sociedade sem classes, onde já não fosse mais possível definir o que seria uma mulher ou um homem em sua essência, como pretenderiam os escolásticos [2], mas de acordo com o construto social considerado. Em outras palavras, os homens estabeleceram na sociedade patriarcal o que seria uma mulher; agora, cabe a elas se unirem, para que tanto os homens como as mulheres passem a ser considerados seres sem caracteres definitivos e para garantir que isto seja aplicado ao contexto social pelos meios formais (escolas) e informais (mídia e publicidade) de educação, ainda que possa parecer contraditório.

Para conquistar definitivamente este estamento, organizações financiadas por grupos empresariais multimilionários invadiram as Conferências da ONU, conseguindo introduzir ardilosamente a terminologia “gênero” nos documentos oficiais[3]. Esse termo nada mais é que uma palavra usada para afirmar que os homens e mulheres nascem com um sexo biológico definido, mas seus papéis sociais não precisam estar necessariamente restritos ao sexo biológico. Diante disso, passa-se a exigir que os fundamentos abstratos dessas ideias sejam aplicados à realidade através dos chamados “direitos sexuais e reprodutivos”, os quais abrangem o aborto, a contracepção e a formação para seu uso desde a mais tenra idade, as cirurgias de mutilações genitais, a vida sexual sem compromisso, o fim da autoridade dos pais, entre outros absurdos.

A conquista da igualdade, segundo os marxistas, não se estabelece sem uma revolução capaz de produzir transformação; e a revolução não pode ser estabelecida se, desde o âmbito do lar, as mulheres não se unirem contra os homens. Segundo Frederich Engels, é neste campo que se trava a primeira guerra, a qual produz seus efeitos como um espelho na vida social onde os patrões oprimem os proletários [4]. Para Kate Millet, esta transformação não acontecerá enquanto não houver uma revolução sexual que seja capaz de arrancar as mulheres do matrimônio e do lar, e lhes dê a oportunidade de se envolver sexualmente sem necessariamente estabelecer um laço de família [5]. Nestes termos, para a igualdade é necessária uma guerra de resistência que oponha mulheres e homens. Estes devem ser vistos em desconfiança seja qual for a circunstância [6].

A Igreja, por sua vez, reconhece que desde o princípio, pelo pecado original, os homens e as mulheres enquanto primeira sociedade perderam o vínculo com o Criador. Para que a paz entre ambos seja resgatada é necessário não a guerra e o conflito (como argumentam os marxistas), mas que ambos possam convergir, ao exemplo de Cristo. O homem, dando seu sangue pela esposa como Cristo deu o seu para a Igreja e sendo seu servidor, pois o maior deve ser aquele que serve a todos; e à mulher cabe ser solícita e em tudo o que for digno, ao seu marido. Para as marxistas a paz se faz pelo conflito e o abandono definitivo da sua realidade biológica; para a Igreja, homem e mulher devem cada qual converter-se em um outro Cristo, seguindo a sua vocação natural, unidos para construir uma sociedade melhor, de modo que um e outro ofereça o melhor de si para o bem social, sem negar sua natureza – eis a grande diferença!

  1. O Segundo Sexo, pág. 8 [Difusão Europeia do Livro]
  2. O Segundo Sexo, pág. 9 [Difusão Europeia do Livro]
  3. Dale O’Leary, A Agenda de Gênero – Redefinindo a Igualdade
  4. A Origem da Família, da Propriedade Privada e do Estado
  5. Política e Revolução Sexual
  6. O Segundo Sexo, pág. 21 [Difusão Europeia do Livro]

 

Juliano Antonio Rodrigues Padilha – Economista e Coordenador do Núcleo de Estudos e Formação da Casa Pró-Vida Mãe Imaculada


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