Precisamos falar sobre a Adoção

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Nos relatos de mulheres que decidiram colocar o filho para adoção, se percebe que essa não é uma escolha fácil. Ao contrário, mães biológicas falam da adoção como um sacrifício feito por amor. As mulheres que optam por isso o fazem em sua grande maioria não porque não amam o bebê (porque sim, elas os amam muito!), mas porque acreditam que não poderão cuidá-lo. Quase sempre elas estão sozinhas, sem o suporte da família, sem o apoio do parceiro, sem recursos materiais e acreditam que a mãe adotiva poderá fazer pelo próprio filho mais do que elas mesmas.

O engano surge quando a gestante que vê obstáculos para assumir a criança, ciente de quão doloroso é o processo de adoção e desconhecendo as reais consequências do aborto, se deixa ludibriar pelas mentiras da propaganda abortista (de que o filho que ela espera não passa de uma bola de sangue, que após abortar ela voltará a sua vida como se nada tivesse acontecido, etc).

Jeniffer¹, que aos 22 anos se descobriu grávida de um rapaz que não se importava com ela, não queria ser mãe, pois não contava com o apoio dele e seus próprios pais não a ajudariam (eles estavam separados, sua mãe tinha um namorado e Jeniffer não via o pai há mais de um ano), mas também não considerava a adoção porque viu o sofrimento de uma amiga: “A adoção não era uma opção. Uma amiga deu o bebê para adoção e o lamento dela parecia nunca ter fim.”
Sabendo do quão emocionalmente difícil seria a adoção e sem condições para ser mãe, ela foi aconselhada de que o aborto seria a melhor escolha. Entretanto, logo após o procedimento, o pensamento “matei meu filho” nunca mais a deixou.
Jennifer disse que fez o aborto porque acreditava que era a opção mais fácil e porque, ao procurar aconselhamento na clínica, eles “nunca me ofereceram nenhuma outra alternativa. Tudo o que eu podia pensar era no aborto.”

Como resultado, Jeniffer enfrentou a Síndrome Pós-Aborto; mas a facilidade que teve para preferir o aborto sobre a adoção retrata a condição do imaginário de parte da população em relação aos temas. O aborto tem sido sistematicamente bombardeado pela mídia como uma opção conveniente e sem sequelas (ainda que seja exatamente o oposto); a adoção é vista como um processo extremamente doloroso, carregado de julgamentos, e não bastando o sofrimento de separar-se do filho, a mãe biológica às vezes é taxada de desnaturada e sem coração. Conforme informações do instituto Alan Guttmacher, se prefere o aborto porque a adoção é vista como “uma opção imoral, uma vez que dar o próprio filho é errado.”²

Por isso, além de desmascarar o aborto, é preciso também desestereotipar a adoção. O processo de adoção não é um caminho fácil, mas diferentemente do aborto, é uma opção válida para a gestante que acredita que não poderá cuidar do bebê. A adoção poupa a mulher da experiência traumática do aborto e da Síndrome Pós-Aborto; o bebê terá o seu direito a vida preservado e será recebido por uma família que o irá amar, cuidar e oferecer todas as condições para que ele cresça e seja feliz; um casal terá a possibilidade de tornar-se uma família e serão eternamente agradecidos a Deus, a essa mãe biológica e a sociedade pela oportunidade de serem pais. Ademais, ainda que a adoção não se concretize, muitas gestantes em crise, num primeiro momento, irão se apoiar nesta escolha. Porém ao longo de 9 meses – com tempo para pensar e ponderar as próprias possibilidades, tomando conhecimento dos recursos que estão disponíveis para ajudá-la, com tempo para se fortalecer psicologicamente e ligando-se afetivamente ao filho – várias dessas mulheres descobrirão que são capazes de serem mães e assumirão criar o filho.

Foi o caso de Brenda Kolerok³, grávida aos 16 anos de um homem casado, ela vivia com os pais e quatro irmãos em um pequeno apartamento de um quarto. A conselheira da escola onde Brenda estudava, ao saber da gravidez, entrou em contato com os Serviços Sociais da Igreja Católica e em dois dias Brenda foi acolhida na casa de uma família católica. “Eu descobri como eram os cristão de verdade quando vivi com essa família católica, eles cuidaram muito bem de mim”, disse Brenda. A família que a acolheu a ajudou a pensar nos prós e contras de assumir o bebê ou colocá-lo para adoção. Brenda considerava a adoção porque queria fazer universidade e se alistar na marinha, mas após o parto, ela “se apaixonou” pelo bebê e decidiu que ficariam juntos. Mais tarde, Brenda retornou com o filho para sua família de origem, a jovem mãe continuou recebendo ajuda da Igreja Católica até conseguir um trabalho e ser capaz de ir adiante por si mesma.
Disseminar uma cultura que proteja a gestante, que acolha a vida do nascituro e que reconheça a função positiva da adoção na sociedade são ações importantes para que a confusão moral que prioriza o aborto sobre a adoção, atualmente vista em países onde o aborto está legalizado, não se alastre no Brasil.
Além de trazer as verdadeiras informações sobre o aborto e suas consequências (a cirurgia e possíveis complicações, a síndrome pós-aborto, o sofrimento do feto durante o aborto, a humanidade do bebê intra-uterino, etc) é preciso trazer a adoção para a conversa e tornar conhecido os seus benefícios (para a mãe biológica, para o bebê, para família adotiva e para toda sociedade em geral).
Somente com informações corretas, as pessoas estarão imunes à manipulação das propagandas abortistas parciais e mentirosas, e poderão de fato saber qual o melhor rumo em suas escolhas, costumes e leis.

Notas:
¹ How to Help Women Recover from Abortion
² Reasons U.S. Women Have Abortions: Quantitative and Qualitative Perspectives, by the Guttmacher Institute, 2005
³ Former Pregnant Teen Expresses Thanks for Crisis Pregnancy Aid

Tathiane Locatelli
Twitter: @tathilocatelli


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