As contradições da pandemia

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A pandemia do coronavírus gerou uma crise de contradições. O principal discurso ouvido na mídia é o que diz respeito a proteger vidas – “vidas importam”. Pessoas ao redor do mundo estão unidas buscando evitar a propagação do vírus e proteger seus familiares e amigos. Ao mesmo tempo, grupos e fundações se esforçam para manter, durante a pandemia, um massacre que anualmente mata cerca de 42 milhões1 de seres humanos. Trata-se do aborto.

A Organização Mundial de Saúde (OMS), no dia 30 de março, apresentou diretrizes a todos os países sobre os serviços essenciais no tempo do COVID-19.2 Dentre as altas prioridades, são citados os direitos relacionados à saúde reprodutiva das mulheres. Para quem já conhece os textos e as ideologias defendidas pela OMS, fica claro que entre os direitos reprodutivos está o direito ao aborto – textos anteriores já vincularam essa prática ao termo.

Para piorar a situação, 59 países assinaram uma declaração conjunta3, na primeira semana de maio, para “a proteção da saúde e dos direitos sexuais e reprodutivos”, defendendo claramente o acesso ao aborto como serviço essencial em meio ao coronavírus.

Seria o aborto um serviço essencial durante a pandemia? Para apoiar esse ponto de vista, grupos feministas, movimentos e mídias de esquerda zombam do direito à vida dos nascituros, ignorando o apelo de quem busca proteger a dignidade da vida humana desde a concepção. Para eles, esta dignidade não existe. Logo, se esta dignidade não existe desde o começo, nada impede que posteriormente seja negada a dignidade da vida humana de qualquer pessoa.

Para ilustrar, nada como comparar dois fatos interessantes que aconteceram em São Paulo, no Hospital Pérola Byington. O hospital, que realiza o serviço de aborto legal, paralisou estes atendimentos para dar prioridade às vítimas de COVID-19. Contudo, a pressão de grupos ativistas foi tão grande que apenas após 5 dias de paralisação do serviço, o hospital voltou a realizar abortos, já que era um serviço “essencial”.4 O curioso é que neste mês de maio, o mesmo hospital suspendeu atendimento a pacientes com câncer, por falta do remédio para a quimioterapia.5 Fica a dúvida, seria este um serviço não essencial? Será falado tanto deste caso quanto foi falado da suspensão dos abortos?

Quiçá estas pacientes com câncer tivessem defensores tão ferrenhos de seus direitos como aquelas que buscam o aborto. Infelizmente, elas não servem aos interesses da agenda.

 

  1. https://guiame.com.br/gospel/noticias/cerca-de-42-milhoes-de-bebes-foram-abortados-em-todo-o-mundo-no-ano-de-2018.html
  2. http://centrodombosco.org/2020/04/05/oms-inclui-aborto-entre-os-servicos-essenciais-durante-o-surto-da-covid-19/
  3. https://www.diplomatie.gouv.fr/en/coming-to-france/coronavirus-advice-for-foreign-nationals-in-france/coronavirus-statements/article/joint-statement-on-protecting-sexual-and-reproductive-health-and-rights-and
  4. https://revistamarieclaire.globo.com/Mulheres-do-Mundo/noticia/2020/03/hospital-perola-byington-reabre-servico-de-aborto-legal.html
  5. https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2020/05/06/por-falta-de-remedio-hospital-perola-byington-suspende-atendimento-a-pacientes-com-cancer.ghtml

 

Bruna Ciupka Morselli

Núcleo de estudo e formação da Casa MI


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