História da eugenia Base da cultura de morte

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História da eugenia

Base da cultura de morte

 

Darwin e a origem da eugenia

 

Eugenia é a pseudociência que defende o melhoramento da população através da seleção genética. Sua origem data do século XIX. Francis Galton e seu primo Charles Darwin tiveram um papel importante no desenvolvimento do conceito. Na obra Origem das Espécies, Darwin atribuiu que os genes carregam as habilidades e a força e que é possível rastrear isso retroativamente em cada grupo de animais. Galton achou a ideia interessante e concluiu que o mesmo conceito poderia ser aplicado aos seres humanos. A tese apresentada foi: conceder uma melhor chance de sobrevivência aos humanos “mais adequados” para procriarem. Francis Galton foi quem criou o nome ‘eugenia’ para aplicar tal ‘ciência’.

 

Na virada do século XX a teoria da eugenia ganhou força e se espalhou em outros países. A propaganda era que se, a ‘qualidade’ da população fosse melhorada, então muitos problemas seriam resolvidos. A ideia era que políticas eugênicas extinguiriam doenças, criminalidade, pobreza e problemas mentais. Na Inglaterra William Beveridge, um liberal reformista, foi um dos entusiastas da eugenia. Assim como o economista John Maynard Keynes. Dentre liberais e progressistas houve uma grande adesão à ideia da seleção genética da população. A política de esterilização forçada ganhava forma, os critérios eram desde a condição de saúde do indivíduo até análises subjetivas, como preguiça, tendência à criminalidade e comportamento.

 

Nas últimas décadas do século XIX, a teoria de Darwin se popularizou entre a elite intelectual alemã. Em resumo, ele criou a teoria de que os humanos se igualam aos animais na batalha pela sobrevivência, aonde os mais fortes sobrevivem e os desajustados morrem. Darwin afirmou que a seleção natural no reino animal teria forte implicação na sociedade humana. Ou seja, para ele a sociedade prejudica a continuidade genética dos humanos superiores ao ajudar pobres, doentes e deficientes. Portanto, as ações humanitárias foram condenadas por Darwin, no sentido de ‘atrapalharem a natureza que elimina os fracos’. Diante isso, a seleção natural tornava lícito a extinção das ‘raças inferiores’ e o estímulo de conflitos entre essas raças; com a intenção de eliminá-las. Em 1968 Darwin agradeceu o apoio da Alemanha nos seus estudos de seleção genética.

 

 

Desenvolvimento

 

Em 1907 na Inglaterra foi fundada a Sociedade de Educação Eugênica. Um dos pilares dessa instituição era a teoria de que a criminalidade estava intrinsecamente ligada aos padrões genéticos da classe trabalhadora. E que tais pessoas deveriam ser impedidas de terem filhos. Winston Churchill foi honorário vice-presidente da Sociedade de Educação Eugênica. Em 1910 Churchill alertou o então Primeiro Ministro Herbert Asquith sobre o perigo da multiplicação dos indivíduos ‘não adequados’ e ele sugeriu ações como a esterilização forçada e o impedimento do casamento entre as pessoas não classificadas como dignas de se reproduzirem. Estes acontecimentos se deram muito antes de Hitler aderir ao conceito da eugenia.

 

Em 1906 nos EUA, o criador da marca Kellogs, J.H. Kellogg, criou a Fundação de Melhoramento Racial em Michigan. Em 1911 o eugenista Charles Davenport fundou um escritório de registro de eugenia em Nova York. Eles acreditavam que o avanço das políticas eugenistas teriam um resultado fundamental na melhora da economia do país. A crença era de que, ao se livrar dos ‘elementos indesejáveis da nação’, as dificuldades seriam vencidas no sentido de segurança, progresso e economia. O principal alvo era eliminar os deficientes e portadores de doenças mentais. Com isso, diversas fundações e institutos financiaram as políticas eugenistas. Como o Instituto Carnegie e a Fundação Rockfeller. Começaram as campanhas e propagandas eugenistas que foram publicadas nos principais veículos de comunicação da época.

 

Em 1907 o estado da Indiana aprovou a primeira esterilização compulsória. Em 1924 diversos estados americanos aprovaram leis parecidas. Essas leis foram aprovadas na expectativa de aprimorar a qualidade genética das pessoas, pois aqueles considerados inferiores não passariam para as próximas gerações os seus genes. Eram políticas populares. Em 1937 na revista Fortune, foi feita uma pesquisa na qual dois terços dos americanos apoiavam as políticas eugenistas. Entre 1907 e 1963, cerca de 65 mil pessoas foram esterilizadas contra a vontade. Uma parte desproporcional dessas pessoas eram negras, hispânicas e nativos (índios). Isso expõe o caráter racista da eugenia, que foi mascarado por argumentos de uma falsa ciência.

 

Hitler não inventou a eugenia

 

Na publicação MeinKampf de 1925, Hitler exalta os estudos feitos por eugenistas americanos e faz um grande elogio a essa seleção da ‘raça superior’. Um dos nomes que influenciaram Hitler foi Madison Grant, um advogado americano eugenista que publicou em 1916 The PassingoftheGreatRace. Grant criticou a poluição da raça nórdica através da mistura com ‘raças inferiores’ e que seria necessário um ‘sistema restrito de seleção genética’ para eliminar os ‘fracos e desajustados’. Hitler também elogiou Henry Ford que, desde 1920, em seu jornal The DearbornIndependent, publicou uma série chamada ‘A questão judaica’, que foi uma sequência de textos antissemitas. Em 1933 quando Hitler se tornou Chanceler da Alemanha, ele passou uma lei de prevenção a doenças hereditárias, o que permitiu a esterilização obrigatória de parte da população. A segregação racial americana também ressoou internacionalmente. Como a proibição do casamento entre negros e brancos. Os americanos tiveram grande influência no que aconteceria depois na Alemanha.

 

A política racial nazista a partir de 1939 executou cerca de 300 mil pessoas com doenças mentais em hospitais psiquiátricos na Alemanha e em territórios ocupados. Ao fim de 1941 o primeiro campo de concentração foi construído. O apoio a eugenistas caiu drasticamente em 1940, diante da revelação do que acontecia na Alemanha. Houve um esforço nos EUA e na Inglaterra para esconder que os americanos e britânicos foram os pioneiros da eugenia. Muitas instituições eugenistas mudaram de nome e seus integrantes entraram em outras camadas da sociedade e ramos variados da ciência.

 

O Leão de Munster

 

Em meio às atrocidades das políticas de eutanásia dos nazistas, um homem corajoso se levanta para denunciar tais crimes. O bispo Clemens August Graf von Galen fez uma série de denúncias sobre o mal do regime nazista. Depois de condenar a profanação de igrejas e o fechamento de mosteiros, ele revelou os horrores do programa chamado Aktion T4 – a eutanásia forçada em deficientes e doentes mentais. Em 1941 o bispo von Galen fez um sermão que ficaria marcado na história, pois ele telegrafou diretamente ao próprio Hitler e causou impacto por toda a Alemanha. Milhares de cópias do sermão foram distribuídas pelo país e isso contribuiu muito para a suspensão do programa.

 

Margareth Sanger

 

Margareth Sanger (1879-1966) foi a fundadora da Liga de Controle de Natalidade Americana que depois se tornaria a PlannedParenthood. Ela declarou que as pessoas não deveriam ter liberdade para terem filhos, mas somente aqueles classificados como ‘adequados’ para a procriação. Sua visão era preconceituosa ao repudiar pessoas com limitações e doenças, além de atribuir os problemas sociais à genética.Sanger fazia parte da Sociedade Americana de Eugenia e em 1916 ela abriu a primeira clínica de controle de natalidade; atuava em defesa do controle dos nascimentos a partir de uma classificação de diferentes raças e classes e também criou um jornal no qual fazia publicações frequentes sobre a eugenia. “O problema mais urgente hoje é como limitar e desencorajar a fertilidade dentre os portadores de doenças mentais e deficientes físicos” (1921).

 

Em uma entrevista concedida ao jornal NY Times em 1923, Sanger disse que existem pessoas que são como ‘ervas daninhas’ e também mostrou o preconceito racial ao falar sobre a possível eliminação das ‘raças inferiores’. Em 1939 ela lançou o Projeto Negro, que foi apresentado como um programa que tinha o intuito de prover ajuda médica e social à comunidade negra do sul dos EUA. Mas a intenção era conter a natalidade.

 

O legado de Margareth Sanger: PlannedParenthood

 

Fundada por Margareth Sanger em 1916, a organização sem fins lucrativos supostamente fornece ‘saúde reprodutiva e sexual e educação sexual nos EUA e no mundo’. Sanger teve três filhos, seu neto Alexander C. Sanger foi presidente do conselho InternationalPlannedParenthood. Apesar das declarações cruéis e preconceituosas da fundadora da organização, os adeptos da ideologia marxista ainda se referem a Sanger como um ‘exemplo de coragem e inteligência’. Os defensores do aborto se esforçam constantemente para reescrever a biografia de Sanger e passar uma borracha nos seus terríveis atos e declarações públicas.

 

Mais de 60 milhões de bebês foram abortados legalmente nos EUA desde 1973 com a implantação da lei Roe vs. Wade. A PlannedParenthood se tornou poderosa internacionalmente com mais de 600 clínicas e outras clínicas e médicos parceiros em doze países. A organização eugênica recebe muito investimento, tanto do governo quanto de investidores como a Fundação Bill & Melinda Gates, Fundação Ford e outros. A propaganda da PlannedParenthood é repleta de bons argumentos para o cuidado da mulher, a orientação sexual e o acompanhamento da gestação. É um disfarce para a eugenia, envolta por uma publicidade de assistência médica e amparo social. Nas clínicas da PlannedParenthood a orientação é pelo uso de contraceptivos e a indicação é sempre facilitar o aborto, seja qual for a motivação. São abortados bebês saudáveis, assim como bebês com Síndrome de Down e outras síndromes, além de qualquer condição física e mental que seja considerada indesejável. As clínicas são estrategicamente localizadas em bairros pobres.

 

 

Referência bibliográfica

 

IntellectualsandRace, Thomas Sowell

 

Continuidades e rupturas na história da eugenia: uma análise a partir

das publicações de Renato Kehl no Pós-Segunda Guerra Mundial

Leonardo Dallacqua de Carvalho

Vanderlei Sebastião de Souza

 

História da eugenia e ensino da genética

Izabel Mello Teixeira

Edson Pereira Silva

 

EUGENIA E ENSINO DE GENÉTICA: DO QUE SE TRATA?

EUGENICS AND GENETICS TEACHING: WHAT IS IT ABOUT?

Universidade Federal Fluminense


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